sexta-feira, 2 de maio de 2008

POVINHO INGRATO

POVINHO INGRATO!

Nós brasileiros amamos futebol. Temos os nossos ídolos: Kaká, Robinho, Ronaldinho (o gaúcho), Pelé.

Opa! e Ronaldo?

“Aquele viado, comedor de traveco? Que ídolo que nada... é um amarelão, perdemos a copa de 1998 por conta dele e agora ele mostrou o que é: um viado drogado.”

Variações de respostas como a postada acima, sem dúvida, serão as mais ouvidas para essa indagação.

Outros, poucos, como eu, saímos em defesa do jogador. Ronaldo foi o maior atacante que já vi jogar, expoente máximo na vitoriosa campanha de 2002, o maior ídolo de uma geração.

Ronaldo Luiz Nazário de Lima nasceu em Bento Ribeiro, Estado do Rio de Janeiro. Ainda novo, após não passar no teste do Flamengo, despontou, em 1993, no Cruzeiro. Em 1994, foi contratado pelo PSV, da Holanda. Em 1996 foi para o Barcelona, onde se consolidou como o melhor jogador do mundo. Em 1997, Ronaldo foi contratado pelo FC Internazionale de Milano, onde foi agraciado pelo justo apelido de FENÔMENO. Em 2002, foi transferido para o gigante Real Madrid, onde ficou até 2007. Em 2007 se transferiu para o AC Milan.

Na Seleção Nacional, sua história começou quando, com apenas 17 anos de idade, participou do grupo que conquistou o tetra campeonato mundial nos Estados Unidos.

Em 1998, como ídolo máximo do Brasil, Ronaldo (recém apelidado de Fenômeno) provou em solos franceses que fazia jus ao apelido. No entanto, após sofrer uma convulsão na manhã da final da copa e não conseguir repetir o seu futebol, foi considerado por alguns apenas um “amarelão”.

No entanto, Ronaldo, que às vezes cai, mas se levanta, depois de provar quem era novamente, sofreu uma grave lesão e o povo brasileiro voltou a não acreditar na sua recuperação. O grito era por Romário.

O treinador, no entanto, inteligente, sabia que se tratava de Ronaldo, o Fenômeno, e não do ''bichado''.

Ronaldo foi o artilheiro da copa e conduziu o Brasil ao penta e todo o país voltou a gritar seu nome. Ronaldo, agora, era o maior.

Em 2006, Ronaldo, vítima da idade, do acúmulo de lesões, problemas com peso e no meio de um time desarrumado, tornou-se o maior artilheiro de copas do mundo. Mas o povo já não mais o chamava de ídolo. Agora era Ronaldo, o gordo.

Ronaldo, na verdade, é um gigante na luta do bem social, Embaixador da ONU. Ronaldo participa de causas humanitárias. Ronaldo ajuda milhares de crianças. Ronaldo é um dos melhores jogadores da história do futebol. Ronaldo é um servidor apaixonado da Seleção Nacional. Ronaldo é o amante das mulheres mais bonitas. Ronaldo é um jogador que não se envolve com brigas ou drogas. Ronaldo é um jogador disciplinado. Ronaldo é um fenômeno de atleta, que apesar de sofrer lesões seriíssimas, sempre voltou a sua melhor forma para ajudar o clube em que a atuava e principalmente o selecionado brasileiro.

Mas Ronaldo agora não é mais nada disso. Não é, nem mesmo, um gordo amarelão. Ronaldo é agora apenas um “viado drogado”. Um péssimo exemplo para as criancinhas.

Hoje, o povo brasileiro voltou a massacrar Ronaldo. O que interessa agora são as fofocas.

Esqueceu-se, mais uma vez, da Copa do Mundo. Esqueceu-se de tudo que ele tem feito na luta contra a pobreza. Esqueceu-se do ídolo de nossa geração.

A versão de Ronaldo me parece perfeitamente aceitável. Mas o povo prefere acreditar em um aproveitador barato do que no ídolo de outras horas.

É melhor falar mal de Ronaldo. E melhor execrá-lo. É mais divertido. Gera conversa.

Quem Ronaldo um dia já fez feliz, não mais o apóia.

Os argentinos que dão bons exemplos.

A valorização dos ídolos por lá é que é bonita. Maradona, apesar dos “maus exemplos”, para eles, é o maior jogador de todos os tempos.

Maradona poderia sair com dez travestis para cheirar um quilo de cocaína e ele ainda seria, para os argentinos, o maior jogador de todos os tempos. Muito melhor que Pelé!

Mas o povo brasileiro gosta de chutar, aproveitando-se agora de uma grande trama, da qual o Fenômeno foi vítima.

EITA POVINHO INGRATO!!!!!

Pedro Wanderley

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

UM TOM MAIOR


Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou apenas Tom.
É o maior músico já produzido nesse país. Reverenciado todos os dias no exterior, dá nome ao aeroporto da cidade mais bonita do Brasil, nos deu a supremacia das melodias de música popular no século XX e, ainda assim, ou por isso mesmo, acho que todos nós continuamos em dívida com ele. Não me dou por satisfeito, acho que Tom Jobim devia ser muito maior, mais admirado, reconhecido e, acima de tudo, mais ouvido.

Tom era um cara simples, nasceu em 1927 num mundo que hoje nos parece á séculos de distância. Foi moleque de praia, esportista, sedento de livros e de conhecimento, aberto a natureza e à vida, desenrolado, excêntrico, boêmio e com um insuperável senso de humor.
Possuidor de uma fonte criativa inesgotável, também era afeito aos pequenos (grandes) prazeres, como a pescaria, o mar, a conversa fiada e o bar. O curioso é que sendo um dos brasileiros mais internacionais de seu tempo, Tom era antes de outra coisa, CARIOCA. Gostava de sempre deixar claro: “Eu não moro no Rio, eu namoro o Rio”.

Sua ligação com a música vem de berço, o médico que o trouxe ao mundo foi o mesmo que, dezessete anos antes, fizera o parto de Noel Rosa em Vila Isabel. Mas as facilidades pararam por aí. Tudo foi meio tardio na vida de Tom. Só abriu um piano aos treze anos, tarde para a maioria dos prodígios, teve sua primeira música gravada (INCERTEZA) aos 26 anos, cantou pela primeira vez em público aos 35, no histórico show ENCONTRO com Vinícius de Moraes, João Gilberto e Os Cariocas, em 1962. (Esse fantástico show, realizado na boate Bon Gourmet, marca a estréia da segunda música mais tocada de todos os tempos, GAROTA DE IPANEMA).
Só saiu do Brasil às vésperas de completar 36 anos para o show da Bossa Nova no Carnegie Hall em Nova York. O LP que gravaria lá “THE COMPOSER OF DESAFINADO PLAYS” era o primeiro que saia com seu nome e apenas aos 38 anos, fez seu primeiro disco como cantor, o excepcional “THE WONDERFUL WORLD OF ANTONIO CARLOS JOBIM”.

Afora esses contratempos, Tom viveu para a música e a música nele viveu. Com parceiros fez dezenas de pérolas que todos nós crescemos ouvido; TERESA DA PRAIA, SINFONIA DO RIO DE JANEIRO (Billy Blanco), CAMINHOS CRUZADOS, MEDITAÇÃO, SAMBA DE UMA NOTA SÓ, DESAFINADO (Newton Mendonça), ESTRADA DO SOL, SE É POR FALTA DE ADEUS, POR CAUSA DE VOCÊ (Dolores Duran) SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ, EU SEI QUE VOU TE AMAR, A FELICIDADE, INSENSATEZ, ÁGUA DE BEBER, POR TODA MINHA VIDA, SÓ DANÇO SAMBA, ELA É CARIOCA (Vinícius de Moraes), DINDI, SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ, INÚTIL PAISAGEM (Aloysio de Oliveira), RETRATO EM BRANCO E PRETO, POIS É, SABIÁ (Chico Buarque). Com esses e muitos outros, Tom deixou outras tantas canções que, sem sombra de duvida, hoje pertencem ao inconsciente coletivo do brasileiro.

Compôs com grandes letristas, mas para não lhe negar o talento completo basta pegarmos algumas canções em que fez sozinho melodia e letra: CORCOVADO (“quero a vida sempre assim / com você perto de mim / até o apagar da velha chama), WAVE (“e o resto é mar / é tudo que eu nem sei contar), ÁGUAS DE MARÇO (“é madeira de vento / tombo da ribanceira / é o mistério profundo / é o queira ou não queira), LÍGIA (“esqueci no piano / as bobagens de amor / que eu queria dizer), LUÍZA (“Rua, espada nua / bóia no céu, imensa e amarela / como é grande a lua), além de SAMBA DO AVIÃO, VIVO SONHANDO, FOTOGRAFIA e tantas mais.

Para os idiotas que o acusaram (acusam) de americanizado, refuto lembrando que, em parte de sua carreira, Tom não lançava discos no Brasil porque as gravadoras diziam que "disco de Jobim" não vende. Ele dependia dos States para seus projetos. Poderia ter ficado milionário compondo trilhas para filmes americanos, mas recusou todos, inclusive A PANTERA COR DE ROSA e O EXORCISTA. Contudo fez duas trilhas na camaradagem para filmes brasileiros do seu amigo cineasta Paulo César Saraceni e não recebeu um tostão. Até o lançamento do magistral disc ELIS & TOM em 1974, era considerado um estrangeiro. Foi preciso, a maior cantora do país ir a Los Angeles e gravar um disco de duetos, apenas com músicas de Tom, para se perceber que ele era o mais brasileiro dos compositores.

Quis fazer aqui os discos MATITA PÊRE e URUBU, novamente as gravadoras repetiam a velha desculpa. Tom então, ia gravar em Nova York pagando parte da produção do seu bolso e ainda tinha que ouvir quando voltava ao Brasil que virara muito “americano”. O que não deixa de ser uma estupidez desde da essência, pois o emblema “americano” não é exclusividade de quem nasce ao norte do nosso continente. Porém, até sobre isso ele fez galhofa ao dizer: “A diferença entre Nova York e o Rio é que lá é bom, mas é uma merda. E aqui é uma merda, mas é tão bom...”

Os tolos reclamaram ainda mais quando em 1985 ele cedeu ÁGUAS DE MARÇO para um comercial mundial da Coca-Cola que ficou seis meses em cartaz. Para muitos ele tinha “vendido”sua obra prima. Mas o humor sempre foi uma de suas características primordiais e numa entrevista retrucou: “Que eu saiba o negócio da Coca-Cola não é comprar música, é vender refresco. Quer dizer que se fosse o Guaraná podia ?”

A unanimidade só chegou para Tom nos últimos anos de vida. O fim dos anos 80 e o começo dos 90 foram tão desastrosos, que é possível que o povo brasileiro cansado do Governo COLLOR, das lambadas e das duplas sertanejas, tenha se voltado para o seu maior talento musical em busca de um refúgio de qualidade. De repente, Tom começou a ser chamado para estrelar comerciais, voltar as trilhas de novelas e seriados (ANOS DOURADOS) e a receber homenagens de todas as partes. Muitas dessas homenagens eram subterfúgios para que ele se apresentasse de graça, mas quando a MANGUEIRA em 1992 o escolheu como enredo, essa sim, uma homenagem sincera, verdadeira e merecida, o maestro sentiu-se honrado. Na época, o empresário de Tom perguntou o que a Escola pediria em troca, shows na quadra, um samba enredo, o que gostariam... A Estação Primeira como legítima representante do samba nacional, não pediu absolutamente nada.
- Mas nem a obrigação de desfilar ? Indagou Tom.
- Eles não querem nada, apenas a autorização pra usar sua história, no mais, que você esteja á vontade.

Tom ficou tão feliz que não só desfilou, como fez o samba PIANO DA MANGUEIRA e obrigou Chico Buarque a colocar letra. Tudo em retribuição ao presente recebido da Escola no fim da vida. A Mangueira não foi campeã, mas promoveu o encontro do povo com a história do seu compositor mais refinado.

Tom Jobim deixou cerca de 250 canções e 29 discos com seu nome, participou de 37 discos alheios, muitos dos quais não só tocou e cantou como ajudou na orquestração e arranjos sem receber nada, afinal, eram na maioria seus amigos. Morreu em 1994 em Nova York e aí sim o Brasil de fato sentiu (sente até hoje) a perda do seu gênio maior da composição.

Enfim, Tom Jobim é o único músico do planeta com quem FRANK SINATRA resolveu (exigência de Frank), dividir o nome de um disco seu - FRANCIS ALBERT SINATRA & ANTÔNIO CARLOS JOBIM. Mas Tom jamais se deslumbrou com o que quer que fosse. Certa vez numa tarde no Veloso (hoje Garota de Ipanema)no Rio, confidenciou ao seu amigo e parceiro Vinícius de Moraes:
- Vinícius, não adianta, essa juventude não nos entende...
- Mas o que foi Tomzinho ? Perguntou Vinícius.
- Sabe o que é muito melhor que ser bandalho ou galinha ? É amar. O amor é que é a verdadeira sacanagem...
Esse era Tom Jobim.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

MOMENTOS PARA A ETERNIDADE


Mick, John e Yoko gravando "Plant" em NY no ano de 1972.
*By Bob Gruen

Eagles of Death Metal - Speaking in Tongues VMA 2007

Tudo que Dave Grohl e Josh Homme colocam suas mãos fica bom !!!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

SOM DA SEMANA - NAÇÃO ZUMBI


O som da semana vai ficar por conta da Nação Zumbi e seu maracatu psicodélico. O novo trabalho intitulado de "FOME DE TUDO" já está à venda nas lojas e internet, portanto baixem o
disco e comprem o mesmo posteriormente para ajudar A MELHOR BANDA DO BRASIL !!!

Link: http://rs223.rapidshare.com/files/63545796/NZ-Fome_de_Tudo__2007_.rar

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

PELAS BANDAS DE CÁ

FORGOTTEN BOYS TEM SHOW CONFIRMADO NO RECIFE

PELAS BANDAS DE LÁ

CONFIRMADO SHOW DO THE POLICE NO
RIO DE JANEIRO


Dia: 08/12/2007
Local: Maracanã
17h - Abertura dos Portões
20h - Paralamas do Sucesso
21h - The Police
-INGRESSOS:
Arquibancada Lateral (R$ 160,00)
Arquibancada Central (R$ 270,00)
Cadeira Azul Lateral (R$ 190,00)
Cadeira Azul Central (R$ 270,00)
Gramado (R$ 190,00)
Palco Premium (R$ 500,00)
*Existe estudante para todos os setores (metade do preço)
-VENDAS:
Bilheteria Maracanã: das 10 ás 17h.
Site: http://www.ingresso.com/

MADE IN BRAZIL


FORGOTTEN BOYS - STAND BY THE DANCE

Nesses últimos dias pensava muito no que iria escrever. Finalmente encontrei, ou melhor, lembrei e me questionei por não ter escrevido sobre eles ainda. Isso mesmo o Forgotten Boys está entre as melhores bandas do Brasil, e outra, garanto que se fossem gringos já teriam estourado para o mundo. Com músicas duras, instigantes e rápidas você percebe logo de cara as influências dos Stooges, Ramones e Rolling Stones. Nesse último trabalho intitulado de Stand By The Dance eles acertam em cheio na pegada. O disco todo é excelente, no entanto destaco algumas músicas. A primeira, que dá nome ao disco, é uma dose de adrenalina em suas veias, realmente foda! A segunda faixa “All You See” é um verdadeiro Punk Rock com guitarras simples, baixo discreto e condução na bateria, tudo como diz a cartilha de Malcom Mclaren. Seguida de “Get Load” um rock sujo, com riff´s de guitarras toscos e refrão em couro daqueles que grudam, simplesmente fantástico. A quarta música “Não Vou Ficar”, é a primeira faixa que eles gravam em português, nessa você percebe de uma vez por todas que não há banda brasileira com a mesma sonoridade deles. A segunda música em português, porém a oitava faixa do álbum “Blá Blá Blá” traz Chuck Hipolito no vocal, essa é na mesma linha das outras do disco, entretanto destaco a letra dela. A décima segunda “The Ballad Of” como diz o titulo é uma verdadeira balada, com ótimas guitarras e encaixe perfeito da cozinha (baixo e bateria). Colada nela vem “5 mentiras” também com Chuck no vocal, dessa saiu um excelente vídeo clipe em que as namoradas dos caras representam eles no palco. Para fechar esse bom trabalho vem “Just Done” uma canção à moda Keith Richards e Mick Jagger, o famoso e puro ROCK N´ROLL com direito a piano e tudo mais. O Forgotten Boys está traçando seu caminho no rock nacional como uma banda independente, com quase todas as músicas em inglês e chegou onde está por pura fidelidade a um estilo pouco explorado por bandas brasileiras. Uma banda de Rock duro, com veia punk e que sabe o que quer!!!

Forgotten Boys - 5 Mentiras

terça-feira, 30 de outubro de 2007

MOMENTOS PARA A ETERNIDADE


The Clash num show em Boston em 1979. Essa foto é fantástica !!!

* By Bob Gruen

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

SOM DA SEMANA - THE ANIMALS


Dessa vez o som da semana fica por conta do The Animals, ótima banda dos anos 60. A música escolhida foi a clássica "The House Of The Rising Sun".

Link: http://rapidshare.com/files/66101023/08_-_The_House_Of_The_Rising_Sun.mp3

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

PAULO FRANCIS VAI PRO CÉU


Para Ernani.

Outro dia conversava com o nosso Procurador Ernani Médicis (o que será que ele tanto procura), e este me dizia que quando queria me elogiar citava uma certa veia jornalística minha na hora de escrever. Elogio maior não poderia haver, contudo, ratifico que não sou jornalista. Não tenho qualquer obrigação com os fatos, escrevo o que penso vejo e sinto, e se os fatos forem contra mim, pior para eles, como diria o outro.


Mas enfim, como em conversa de bar a gente nunca consegue, por completo, dizer o que pensa, resolvi hoje escrever sobre a verdadeira influência que tive para gostar de botar coisas no papel, a qual, por incrível que pareça, era jornalista: Paulo Francis.

Esse não teve a metade da genialidade de vários escritores, porém, como era bom lê-lo. Eu o lia naquela idade de formação, muitas vezes bailava nos assuntos, mas a verve, o estilo e acima a qualidade dos textos me marcaram. Hoje leio Jabor, Elio Gaspari, Noblat e vejo muito pouco ou quase nada. Claro que são bons, mas não sei se ficarão na memória. Não vou nem falar de Diogo Mainardi porque, pra quem vai citar Paulo Francis, Diogo não passa de um revoltadinho caricato.

Francis começou a escrever em 1957, aos 27 anos. Foi repórter, editor, colunista, diretor, editorialista. Cobrava caro pra trabalhar e quando em cargo de chefia era generoso com o dinheiro do patrão. Achava que jornalista deveria ganhar bem. Dizia que nunca foi "fichinha" começou assinando, e daí em diante nunca lhe devolveram ao anonimato. Era uma espécie rara na imprensa brasileira o "polemista vocacional". Formou seu público tratando-o como adulto. O que alguns chamavam de ofensa ele chamava de crítica, crítica não é raiva, é apenas crítica, dizia. "As pessoas deviam se ofender com o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom ás vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito".

Aos que acham Paulo Francis arrogante, prepotente, racista e etc. Digo-lhes que ele era tudo isso e muito mais, entretanto, nunca se vendeu, era generoso e afetuoso mas não mostrava isso. Queria o debate tão somente no plano das idéias, seja com amigos ou inimigos. Certa vez, escreveu:" Dizem que o negócio é viver ; prefiro ler. Só me sinto absolutamente feliz quando estou em casa, sozinho, lendo. Com a empregada muda e fornecendo cafezinho de meia em meia hora. Minhas amizades são pouquíssimas, a idéia de ter uma massa ululando a cada palavra minha me horroriza além de qualquer descrição".

Em 1971 se mandou pra Nova Iorque e nunca mais voltou. Brigou com a Esquerda, esculhambou a Direita. Dizia que a melhor propaganda anti-comunista era deixar um comunista falar, ou que Marx falando de dinheiro era igual a padre falando de sexo. Em 1994 escreveu que o Brasil teve como últimos presidentes um poeta, um profeta e um pateta, sobre a trinca Sarney, Collor e Itamar e que Bill Clinton sairia algemado da Casa Branca (quase acertou). Certa vez, o chamaram para um revisão da bandeira do Brasil, convite que declinou com a seguinte resposta:
- “Mas é tão simples, é só trocar os símbolos por um bumba meu boi com partes das bandeiras do Flamengo e do Corinthians". Seu humor era debochado e certeiro. Sobre o capitalismo dizia que homem que não tem dinheiro ou mulher não pode pensar em outra coisa. Sobre o feminismo, que mulher feia é proletariado insolúvel.

Tinha várias admirações, a maioria literária. Gostava de ópera mas detestava balé. Com cultura não tinha muita paciência para modismos e novidades, seu bordão era : "Se eu não conheço, não presta". Sobre cantores novatos sempre falava com ceticismo : " Mais um que desponta para o anonimato" ou " Os cisnes antes de morrer cantam. Tem gente que devia morrer antes de cantar" Caetano Veloso admirador confesso de Francis discutiu muito com ele. Certa vez o baiano entrevistou Mick Jagger para um programa brasileiro. Francis achou Caetano subserviente e fulminou: ”Brasileiro se deslumbra fácil, aceita fazer só pergunta combinada com entrevistado para não perder o contato".
Na época do tropicalismo, desbunde e onda hippie escreveu referindo-se a Caetano, Gal, Gil, Bethânia e outros... :" Esses baianos invadiram o Rio pra cantar : " AH, MAS QUE SAUDADE EU TENHO DA BAHIA... Bem, se é por falta de adeus, pt saudações."

Paulo Francis quando era bom era ótimo, mas quando era mau, era excepcional. Quando Caio Blinder discordava dele no Manhattan Connection ele esnobava: "Calma Caio, calma. É só uma opinião, mas se você não concorda você é um idiota”. Suas frases, muitas vezes adaptadas de grandes autores eram definitivas como : " Todo otimista é um mal informado", ou " Quem sabe faz quem não sabe leciona". Sobre seus luxos ; " Só um imbecil escreve por outra coisa que não seja dinheiro" ou sobre a mediocridade alheia : " A ignorância é a maior multinacional do mundo".No capítulo álcool falava : “Bebi muito anos. Para ficar bêbado. Não posso imaginar outra razão. Bebedor social é coisa de pequeno burguês".
Sobre drogas deu uma única entrevista:

- Francis você já usou drogas ?
- Todas.
- E já teve problemas com isso ?
- Imagina. Tem de ser muito imbecil para se deixar viciar.


No fundo Francis era um sentimental. Fernando Henrique foi procurá-lo em Nova Iorque antes de seu primeiro encontro com Bill Clinton, Francis foi taxativo : “Fernando, nunca se coloque em posição de inferioridade. Você é mais inteligente e tem uma educação muito superior a dele". Sobre a arte de escrever dizia : "Como todos que escrevem não gosto de escrever, mas me sinto infeliz, mais do que o habitual, se não escrevo". Sobre suas mudanças de opinião ocorridas pelo caminho, gostava de deixar claro ; " A incoerência é uma característica dos talentosos, só os medíocres nunca mudam de opinião".

É isso Ernani. Sei que você já o conhecia, mas essa homenagem eu tinha de prestar.

Por fim reproduzo uma parte da crônica de despedida de Paulo Francis do PASQUIM, rumo a Nova Iorque, em 1971, que gosto muito :

" O pior não é a mentira ou a verdade. Isso nem existe filosoficamente. E só 0,1% da população sabe disso. O duro é conviver com a meia verdade ou a meia mentira, baseadas em verdades e mentiras falsas, que inventamos para fazer de conta que estamos vivos. Matamos o tempo, mas é o tempo quem nos enterra. A imprecisão é a constante de nossas vidas. E as pessoas se refugiam delas nas paixões, uma maneira barata de sintetizar em algo pseudo-sólido a nossa fluidez de tobogã sem medida. Meninos, sobrevivi. Não me vendi, ás vezes com muito álcool chego a me tolerar. E bebo, naturalmente, para tornar as outras pessoas mais interessantes. Até a próxima".

Abraços Ernani,

Marcelo Simões.

terça-feira, 23 de outubro de 2007



MOMENTO HISTÓRICO

O Nirvana veio ao Brasil em 1993 para se apresentar no Hollywood Rock. Enquanto esteve no Rio de Janeiro, Kurt e sua trupe ensaiaram o disco "In Utero" no estúdio da BMG Ariola. Esse video foi tirado de um dos ensaios onde o Nirvana toca a música "Seasons In The Sun" de Terry Jack (fez grande sucesso na década de 60). Perceba que os integrantes da banda inverteram seus papéis.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Seleção Brasileira



A última edição da Playboy fez uma seleção das piores capas de discos brasileiros de todos os tempos. Caso vôcê não leia a revista ou ignora suas matérias devido a principal finalidade da publicação, confira aqui algumas das mais bizarras imagens da industria fonográfica nacional.


Araçá Azul (1972) - Caetano Veloso






Matogrosso (1982) - Ney Matogrosso










Amar pra viver ou morrer de amor (1982) - Erasmo Carlos (O tremendão)





O amor me escolheu (1997) - Paulo Ricardo




Disco Rosa (1975) - João Ricardo

SOM DA SEMANA - RADIOHEAD


Essa música está no novo trabalho do Radiohead intitulado de "In Rainbows". Destaco "Reckoner" pelo fato de Thom Yorke dar um verdadeiro show nessa faixa !

Link: http://rapidshare.com/files/64598727/07_-_Radiohead_-_Reckoner.MP3


segunda-feira, 15 de outubro de 2007

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

MONTEREY POP FESTIVAL


Gênio é gênio fazer o que?!

Em 1967 no Monterey Pop Festival - EUA, antecessor de Woodstock, aconteceu um fato inusitado entre o The Who e Jimi Hendrix (indicado para o festival através de Paul Mccartney que já tinha lhe visto tocar em Londres e ficara impressionado). Jimi estava programado para tocar antes do Who. Pete Towshend (guitarra do The Who) sabia que Hendrix fazia mais sucesso do que eles na Inglaterra, e que se ele tocasse antes acabaria ofuscando o Who, que até então era mais famoso do que o Jimi Hendrix nos EUA (lugar onde Jimi ainda não fazia sucesso). Towshend e Hendrix discutiram nos bastidores e acabaram decidindo quem iria ser o primeiro na moeda, o Who levou a melhor. Já no palco Pete e companhia detonaram no repertório e quebraram tudo levando a platéia ao delírio. Quando eles retornam ao backstage Pete Townshend chegou pro Negão e falou: "QUERO VER VOCÊ FAZER MELHOR"...

Confiram quem se saiu melhor nesses dois vídeos abaixo.

P.S-Logo após o "foguinho" de Jimi, o The Mamas and The Papas tocaram, porém tiveram que esperar vinte minutos até que então os seguranças colocassem ordem no local!

The Who - My Generation - Monterey Pop Festival

Jimi Hendrix - Wild Thing - Monterey Pop Festival

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A TODO VAPOR




Alguns discos marcam épocas.

FA-TAL, GAL, A TODO VAPOR, sem dúvida, foi um deles. O disco foi gravado, ao vivo, em 1971. O show é comentado até hoje e, pelo o que eu soube, foi um daqueles que o entusiasmo foi tão grande que deixou todos fascinados, embasbacados, alterados.

O disco é dividido em duas partes.

Na primeira parte, o que predomina é a voz de Gal, acompanhada apenas por um violão. Neste primeiro momento é clara a influência de João Gilberto.

Na segunda, as guitarras distorcidas, estilo Jimi Hendrix, encontra a plena harmonia com a voz fina de Gal.

O repertório não podia ser melhor.

Ao mesmo tempo em que se ouvem pérolas da Bossa Nova, como Falsa Baiana, de Geraldo Pereira, também estão presentes as músicas trabalhadas de vanguarda.

O conterrâneo Caetano foi o escolhido. Quatro músicas do seu companheiro de tropicália fizeram parte do repertório: Como 2 e 2 (duas vezes), Maria Bethânia,

Não Se Esqueça de Mim e Coração Vagabundo.

Jorge Ben também foi agraciado com uma das melhores interpretações de Charles Anjo 45.

Gal também canta, e como canta, Wally Salomão, em Luz do Sol e especialmente em Vapor Barato.

Vapor Barato, inclusive, a meu ver, é a grande música, se é que da para escolher, desta maravilhosa obra de Gal. A música foi tão bem recebida que logo virou o hino hippie dos jovens brasileiros dos anos setenta.

Mas no disco não teve apenas vanguarda e bossa nova.

Nosso Luiz Gonzaga com certeza ficou satisfeito ao ouvir Assum Preto. É de chorar.

Gal também cantou os pseudos alienados da Jovem Guarda, Roberto e Erasmo Carlos, em uma versão de arrepiar de Sua Estupidez.

A baiana ainda teve a sensibilidade de lançar Luiz Melodia, então jovem desconhecido, com a linda Pérola Negra.

O show e o disco FA-TAL, A TODO VAPOR, foi, indubitavelmente, um marco de uma época em que a juventude (ou uma parte dela) era sedenta por cultura e liberdade.

O show foi na época da ditadura, mas Gal gritava que queria ver de novo a luz do sol. Sensacional.

Segue o repertório: 1. Fruta Gogoia2. Charles, Anjo 453. Como 2 e 24. Coração Vagabundo5. Falsa Baiana6. Antonico7. Sua Estupidez8. Fruta Gogoia9. Vapor Barato10. Dê um Rolê11. Pérola Negra12. Mal Secreto13. Como 2 e 214. Hotel de Estrelas15. Assum Preto16. Bota a mão nas cadeiras17. Maria Bethânia18. Chuva, Suor e Cerveja19. Luz do Sol

SINCERIDADE A TODO CUSTO




NIRVANA - INCESTICIDE

Como não há nada de novo e interessante na área, resolvi escrever sobre um disco cheio de peculiaridades e sem muita repercussão na história. A compilação Incesticide veio ao mundo em dezembro de 1992 com o propósito de manter a banda no topo das paradas, já que o Nevermind estava saturado nas mesmas. Num acordo firmado entre a Geffen (gravadora do Nirvana na época) e a SubPop (selo independente que lançou a banda de Kurt Cobain ao mundo) eles conseguiram lançar a bolacha. Mas como assim? Uma banda que só tem dois discos vai lançar uma coletânea? Isso mesmo! Parece ser uma parada caça níquel (e não deixou de ser), mas com o Nirvana tudo é sincero e atraente. O disco foi composto com sobras dos dois primeiros discos, gravações em estúdios de TV´s e versões covers de algumas bandas. Kurt Cobain teve participação ativa nesse projeto, ele não só escolheu as músicas, como pintou a capa do disco e ainda emprestou seu patinho de borracha para a contra capa. Essa compilação é aberta com “Dive” uma música com um baixo grandioso e bateria pesada. Em seguida vem o hit “Sliver” que sem dúvida alguma traz uma das mais raivosas e rasgada atuação de Cobain em sua curta trajetória. A quinta faixa “Turnaround” é um cover da banda punk Devo, no mínimo uma versão curiosa. Colada nela vem mais dois covers “Molly´s Lips” e “Son of Gun” ambas dos Vaselines. Podemos considerar esse o ponto mais pop do disco, exercido com muita competência e instigação. Outro ponto interessante que podemos conferir nesse trabalho é nova roupagem que deram a “Polly”, eles conseguiram melhorar a obra já existente pois deram a “ela” a cara do Nivana, ou seja a pegada que faltava. A décima segunda música “Hairspray Queen” é uma das mais bizarras já feitas pelo o Niravana, contudo Kurt mostra que consegue alternar com bastante eficácia o submundo com o Pop. O trabalho é fechado com “Aneurysm”, uma música simplesmente fantástica. Cobain consegue mostrar que sua genialidade está intrínseca em cada detalhe e momento dessa música. Dave Grohl por sua vez dá um espetáculo de bateria mostrando seu virtuosismo e força. Sem dúvida, uma das mais absurdas canções já feitas por esses caras de Seattle. Esse disco não é o melhor dessa fantástica banda, porém mostra como se pode ganhar uns trocados fazendo um trabalho digno e sincero sem precisar apelar para o comum e banal. Uma coisa o Nirvana mostrou em tudo que fez, que o normal e verdadeiro podem ser geniais, basta fazer com a alma!

Nirvana - Aneurysm - Clipe

segunda-feira, 8 de outubro de 2007